Vê-se no espelho; e vê, pela janela,
A dolorosa angústia vespertina:
Pálido, morre o sol… Mas, ai! termina
Outra tarde mais triste, dentro dela;
Outra queda mais funda lhe revela
O aço feroz, e o horror de outra ruína:
Rouba-lhe a idade, pérfida e assassina,
Mais do que a vida, o orgulho de ser bela!
Fios de prata… Rugas… O desgosto
Enche-a de sombras, como a sufocá-la
Numa noite que aí vem… E no seu rosto
Uma lágrima trêmula resvala,
Trêmula, a cintilar, – como, ao sol-posto,
Uma primeira estrela em céu de opala…
ANÁLISE
- Quanto a métrica -
Trata-se de um soneto
por apresentar dois quartetos e dois tercetos. Apresenta rimas ricas e raras,
por rimas palavras com classes gramaticais distintas, um exemplo claro é quando, no primeiro
quarteto o autor rima janela(substantivo) e termina(verbo transitivo direto),
tais rimas acontecem durante todo soneto. Apresenta versos decassílabos. Todo
poema apresenta rimas opostas e interpoladas, sendo que os quartetos e tercetos
apresentam a disposição dos versos no formato ABBA e CAC/ACA, respectivamente
onde todos os versos A terminam em ‘la’, os versos B em ‘na’ e os versos C em ‘to’
e rimam entre si.
- Quanto ao conteúdo -
O soneto é dotado de figuras de
linguagem, como por exemplo, Olavo Bilac diz ‘‘fios de prata’’ para se referir
aos cabelos brancos da personagem do texto. Diz também ‘‘uma primeira estrela em
céu de opala’’ para se referir ao choro. A personagem do texto se sente cada vez mais
triste a cada dia que acaba pois assim como acaba o dia, com a noite sua beleza também
vai acabando pouco a pouco e para ela perder a vida é bem
mais vantajoso do que envelhecer e assim deixar de ser bela. Na literatura o crepúsculo vem sempre
associado à morte, nesse caso a beleza da personagem morre mediante ao
envelhecimento.
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