quarta-feira, 31 de outubro de 2012

No cárcere



Por que hei de, em tudo quanto vejo, vê-la ?
Por que hei de eterna assim reproduzida
Vê-la na água do mar, na luz da estrela ?
Na nuvem de ouro e na palmeira erguida ?

Fosse possível ser a imagem dela
Depois de tantas mágoas esquecida!...
Pois acaso será, para esquecê-la,
Mister e força que me deixe a vida ?

Negra lembrança do passado! lento
Martírio, lento e atroz! Por que não há de
Ser dado a toda mágoa o esquecimento ?

Por que ? Quem me encadeia sem piedade
No cárcere sem luz deste tormento,
Com os pesados grilhões dessa saudade ?

ANÁLISE

- Quanto a métrica -
Trata-se de um soneto por apresentar dois quartetos e dois tercetos. Apresenta versos decassílabos. As disposições das rimas são do tipo ABAB e por isso são classificadas como rimas alternadas ou cruzadas. Apresenta rimas simples, por rimar palavras de mesmas classes gramaticais como reproduzida e erguida. Apresenta linguagem padrão.

- Quanto ao conteúdo -
O eu lírico deseja esquecer a amada que o fez sofrer, porem mesmo desejando tanto esquecê-la ele a vê em todos os lugares. O poema se aproxima da segunda geração romântica, pois o autor chega a se questionar se a solução do seu problema (esquecer a amada) se encontra na morte. O soneto leva o titulo de 'No Cárcere' porque o autor se sente preso a amada que tanto o fez sofrer.


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